3.3.18

Capítulo 6


Três dias depois...

   - Eu sinto que você é capaz, vamos tentar mais uma vez. – Megan era muito gentil e compreensível quando queria. Demi respirou fundo e fechou os olhos conforme a música era introduzida no piano por Meggy. Os dedos da menina eram ágeis e estavam no lugar certo na hora certa transformando a música numa linda melodia que encantava quem ouvia. Cantar nunca foi algo que Demi se dedicou para ser boa. Quando a irmã insistiu que precisava de alguém para ensaiar, Demi não viu uma razão para não participar, já que elas passariam um bom tempo juntas.

Até que estava ficando bom, aliás, muito bom! O som do piano se encaixou perfeitamente com a voz por minutos, elas só não conseguiram finalizar porque Alicia adentrou a sala correndo e brincando com a boneca Jessie roubando toda a cena com sua fofura de bebê. Demi parou o que estava fazendo para pega-la no colo e beija-la exageradamente na bochecha. Nós três dias que ela estava na casa do pai, acabou se apegando muito a irmã mais nova.

   - Meu Deus! Você está muito bonita, coisa fofa! – Até a voz mudava quando se tratava da pequena. Demi a encheu de beijos e riu junto com Alicia quando a pequena o fez animada. – Foi a Bella que vestiu você? – Perguntou toda carinhosa ajudando a irmãzinha a se sentar no colo e timidamente a pequena assentiu mais envolvida em brincar com a boneca.

   - Alicia, você é uma pequena mentirosa! – Reclamou Hannah com as mãos na cintura e se fingindo de brava para implicar com a pequena. – Quem vestiu você foi eu, a Hann. – Demi não queria soltar Alicia e Hannah estava ansiosa para pegar a irmã no colo.

   - Ela está gostando. – Disse Demi. Elas riram de como Alicia estava sapeca, mas quando teve a boneca arrancada de seus braços de bebê, a menina ergueu os bracinhos pedindo o colo de Hannah.

   - Agora você duas já podem ir, vocês estão estragando o meu ensaio e desconcentrando a minha ajudante. – Resmungou Megan de braços cruzados.

   - Eu pensei que eu era a sua ajudante. – Disse Bella quando adentrou a sala e Demi riu do olhar que Hannah e Alicia trocaram como se soubessem que a coisa estava começando a ficar feia.

   - Isabella, eu juro que mandaria um e-mail agora mesmo dispensando os seus serviços. – Megan arqueou uma sobrancelha e sorriu para Bella quando ela fez o mesmo. – A casa Lovato agradece por não ter que ouvir mais a sua voz de Pato Donald. – E era daquele jeito que elas começavam a brigar. Começou com a gargalhada alta e exagerada de Hannah e da pequena Alicia. Demi tentou não fazer parte da confusão mesmo sabendo que sempre acabava em brincadeira. Megan pirraçou a irmã mais velha a imitando a cantar, mas também não ficou barato, quando Bella deu um passo na direção de Meggy, a menina correu. Elas não tinham dó de bagunçar a casa! Correram em volta do sofá e por onde passavam derrubavam as coisas, e Hannah e Alicia só as estimulavam a continuar com a brincadeira.

   - Meu Deus, vocês ainda vão destruir essa casa. – Foi exatamente quando Bella tropeçou sobre Megan fazendo com que as duas caíssem sobre o tapete felpudo que Inácio abriu a porta da sala carregando sacolas e acompanhado de David, que sorriu ao ver as sobrinhas. – Isabella, Isabella. – Quando ele dizia o nome de uma delas duas vezes, coisa boa não era. Bella sentiu as bochechas corarem e saiu de cima da irmã cansada, mas a maior preocupação era que o pai descobrisse sobre Scott.

   - Ela estava me pirraçando. – Murmurou Isabella claramente envergonhada porque tinha caído na armadinha de Megan de tirá-la do sério como um patinho inocente. Megan era uma adolescente de quatorze anos e ela era uma mulher de vinte e três. – Ela, Hannah e Alicia. – A vontade era de esquentar o bumbum de Megan, que mesmo com o pai e o tio presentes, lançava olhares para pirraça-la e tira-la do sério.

   - A tia de vocês está esperando para leva-las a chácara. – Disse David pegando a pequena Alicia dos braços de Hannah. Pelo que Demi percebeu, a visita a chácara pegou Inácio desprevenido, ele ficou sem jeito e receoso enquanto as meninas já tinham esquecido o episódio com Megan.

   - Você vai adorar a chácara do vovô. – Disse Hannah a Demi tão animada e tudo que Demi fez foi forçar um sorriso e trocar um breve olhar com o pai.

   - Eu.. Eu.. – Começou a dizer Demi atraindo atenção de todos. – Vocês podem ir, eu vou trabalhar no meu projeto. – Era a melhor desculpa que ela poderia inventar já que nos dois dias que estava na casa do pai, quando sobrava um pouquinho de tempo, era no projeto da Gyllenhaal que Demi conseguia distrair a mente para não pensar em Joe. Ele só tinha entrado em contato para avisar que tinha chegado bem.

   - Ah Demi, qual é! – Resmungou Megan e foi aí que o falatório começou! Por que elas sempre faziam aquilo? Era automático e nunca conseguiam entrar num acordo comum, só sossegaram mesmo quando a porta da sala foi aberta. O visual de Anna foi o motivo para diferentes reações. As meninas ficaram surpresas e Inácio de cenho franzido. Já David pareceu aprovar como a sobrinha estava bonita.

   - Boa tarde. – Disse Anna envolvida em ajudar Amber, que chegava da escola, com as sacolas. Ela estava diferente! As típicas sapatilhas foram substituídas por um belo sapato de salto alto de cor caramelo combinando com a jaqueta de couro também na cor caramelo. A calça jeans era de cor branca e muito mais justa do que todos poderiam se lembrar de ter visto Anna vestida. E a camisa de botões acinturada definia perfeitamente o corpo da moça, tinha até um pequeno decote. – O que? – Anna tirou uma mecha do cabelo que caia sobre os olhos e franziu o cenho observando a família. Ela só tinha escovado o cabelo, usava batom escuro e roupas um pouquinho diferentes das de costume.

   - Nada! – As meninas murmuraram já sacando que o pai não estava muito contente com aquela história.

   - Você está muito bonita. – Disse David. Demi o olhou e depois olhou para Inácio. Eles eram parecidos, mas enquanto Inácio era um homem sensível e “caseiro”, David parecia ser uma versão rústica do irmão. – As meninas vão para a chácara agora à noite com a sua tia, nós vamos jantar lá. Vamos? Aproveita e tenta convencer Demetria. – Demi deu de ombros quando Anna a olhou e esboçou um pequeno sorriso. Ela entendia o porquê de todo o receio sobre a chácara porque sabia sobre o estupro.

   - Eu não vou. – Por que todos não poderiam se conformar com apenas aquela parte? Anna podia sentir o olhar das irmãs sobre ela e nem queria arriscar olhar para o pai. – Eu vou sair agora com o meu.. meu namorado. – Ela não deveria ter se referido a Rick como namorado para não causar aquele clima pesado. David era o único que parecia não perceber, as meninas ficaram tensas e Anna esboçou um breve sorriso para o tio e para pequena Alicia se preparando para caminhar para o quarto.

   - Anna! – Eles iriam discutir novamente! Assim que Anna subiu as escadas, Inácio passou com tudo atrás da filha para tentar impedir que o encontro acontecesse.

   - Crianças, o pai de vocês não tem jeito. – Disse David tentando animar as meninas que estavam tristes e tensas pela irmã.

   - Eu não entendo porque ele é tão chato. – Resmungou Hannah se deitando no sofá descansando a cabeça no colo de Bella. – Nem todos os homens do mundo são canalhas. – Resmungou a menina.

   - Não são. Ele só está preocupado. – Disse David entregando Alicia nos braços de Demi. Todos diziam que Inácio só estava preocupado. Demi pensou na frase e se lembrou que a mãe também disse o mesmo quando ela contou sobre a situação com Joe e o pai. Será que era mesmo preocupação? – Dez dólares para a mocinha que fizer o melhor sanduíche para mim. – Elas nunca ficavam quietas. Demi preferiu ficar com a irmãzinha no colo sentada a uma cadeira da cozinha enquanto as meninas preparavam em meio a risos um sanduíche para David. Era incrível como elas conseguiam ser espirituosas e divertidas até mesmo para preparar um sanduíche.

   - Você não quer ir? – Demi demorou um pouco para entender o que David quis dizer por que Alicia a distraia com as mais simples brincadeiras.

   - Não, eu realmente tenho que trabalhar. – Explicou-se e o tio assentiu porque a entendia. Seria bom trabalhar no projeto da Gyllenhaal o quanto antes, só assim todos os vínculos com a empresa estariam encerrados.

Os minutos seguintes passaram voando. As meninas agradaram o tio David com um sanduíche e naquele clima descontraído eles permaneceram até que os passos de Anna ecoaram e ali mesmo da cozinha puderam ver a moça caminhando às pressas em direção a porta da sala com Inácio logo atrás. Não teve conversa. Segundos depois Inácio adentrou a cozinha tão pra baixo que era partir o coração.

   - Um sanduíche para você, papai. – Amber só queria que o pai sorrisse e se enturmasse como ele costumava fazer. Ela até conseguiu arrancar um sorriso do pai quando o beijou na bochecha e o serviu com um dos sanduíches.

   - Você não vai mesmo, Dem? – Perguntou Megan se acomodando a mesa e servindo Demi. Acabou que elas fizeram sanduíche para todos.

   - Não, fica para outro dia. – Quando estava à mesa com a família, às vezes Demi ficava tensa e tímida porque era estranho olhar para um lado e encontrar o pai e olhar para o outro e encontrar as irmãs. Dias atrás ela não tinha nada parecido.

   - Relaxem, ok? Nós vamos ficar bem. – Disse Inácio cobrindo a mão livre de Demi com a dele.

Demi ajudou as irmãs com as roupas e quando foi perguntada novamente sobre o motivo para não ir a chácara, ela tornou a reforçar que iria trabalhar no projeto da Gyllenhaal porque queria termina-lo o quanto antes. Então quando Anna mandou mensagem se desculpando pela forma que saiu de casa, elas surtaram dentro do quarto mudando completamente de assunto! Encheram a moça de perguntas indiscretas e gritaram animadas quando Anna contou que estava jantando no apartamento de Rick. Mais tarde quando todas estavam prontas, cerca de uma ou uma hora e meia depois, foi como se estivessem se despedindo para sempre.

   - Essas garotas são uma comédia. – Disse Inácio abraçado a Demi. Ele a beijou na testa e sorriu acenando quando Amber acenou já dentro do carro.

   - Elas são. Eu gosto muito de ficar com elas. – Demi também acenou para a irmã e segundos depois o carro já estava longe sobrando apenas ela, Inácio e Alicia que estava aquecida dentro de casa.

   - Eu também, mas às vezes eu fico tonto com todo o falatório. – Disse a puxando pela mão para que pudessem entrar. – Será bom também se nós dois tivermos um tempinho só pra gente. – Disse se acomodando ao sofá onde Alicia brincava com a inseparável boneca Jessie.

   - Será, mas você não queria ir? – Perguntou Demi se acomodando ao sofá. – A sua família toda está lá, eles não vão achar estranho? – Perguntou cheia de receio e Inácio negou balançando a cabeça.

   - Querida, é uma situação muito complicada. – Disse de cenho franzido. – O que o meu pai fez não tem perdão. Foi por culpa dele que eu fiquei longe de você e da sua mãe, mesmo que eu seria pai das minhas gêmeas, nós poderíamos ter organizado essa situação por mais embaraçosa e complicada que era. Ao menos eu poderia estar presente na vida de todas as minhas meninas, o que de fato eu considero o mais importante. – Demi assentiu sem saber exatamente se deveria mostrar como ficava revoltada por Dianna ter sido violentada daquela forma, ela só não queria desagradar o pai. – Eu não consigo ir à chácara porque tudo aconteceu lá. Por enquanto, resolvi não contar aos meus irmãos para não estragar as lembranças que eles têm. Não sei se estou fazendo o certo, mas eles já sofreram muito com a morte do meu pai há poucos meses. Ainda é muito cedo para decidir se contar ou não é o certo. – Explicou se acomodando ao sofá com Alicia nos braços.

   - Eu não sei o que pensar sobre isso. – Demi massageou as têmporas e logo prendeu o cabelo num coque alto. – Eu só gostaria que nada fosse tão complicado como é. Por que a gente tem que sofrer tanto por coisas que são simples? – Soou manhoso e Inácio sorriu e a puxou para um abraço de lado.

   - Bebê, a vida é assim, ok? – Os dois sorriram quando se olharam e Demi se acomodou ao abraço de pai se sentindo tão bem e feliz por estar com ele. – E você fica rindo? – A vontade de Demi era morder Alicia e aperta-la! A menina estava um amor toda sapeca nos braços do pai rindo porque puxava o cabelo de Demi e depois fingia que não tinha sido ela.

   - Posso ficar com ela? – No segundo seguinte Alicia estava nos braços e quando ela bocejou, Inácio arqueou uma sobrancelha porque era um milagre a pequena dormir cedo. – Hannah esgotou a usina elétrica dela. – Brincou se deitando ao sofá com a cabeça no colo do pai para que pudesse acomodar Alicia ao corpo para ajuda-la a dormir.

   - Acho que você vai dormir primeiro que ela. – Deu muito trabalho para Inácio se esticar para conseguir pegar a manta de Alicia no outro sofá, mas assim que o fez, a pequena se aninhou e começou a brincar com o desenho que tinha na estampa do moletom da irmã.

   - Se você continuar fazendo carinho no meu cabelo, eu vou. – Na verdade ela estava tão concentrada em Alicia que até tinha se esquecido que poderia dormir facilmente quando faziam aquele carinho. – Dorme, pequena. – Como podia existir um ser tão fofo como uma criança? Demi sorriu a observando desde as sardas ainda claras no rosto de Alicia, os cílios largos e as bochechas cheinhas e coradas. E não existia cheiro melhor que cheiro de bebê!

   - O que você acha da gente pedir uma pizza mais tarde? – Inácio observava atentamente como Demi estava focada em Alicia, ela tinha aprendido tão rápido sobre crianças, ele apostava que era o lado maternal falando mais alto.

   - Tudo bem, se quiser, nós podemos cozinhar. – Disse Demi bocejando. Tudo estava tão quieto, o calor sutil que vinha da lareira juntou com o calor entre eles e acabou que os três dormiram naquele finalzinho de tarde.

***

Dificilmente havia silêncio naquela casa. Na cozinha, o rádio tocava num volume baixinho, o que dava uma sensação tão gostosa e boa de estar em casa. Duas panelas estavam trabalhando: uma com as verduras e legumes para Alicia e a outra com carne cozida. Já no forno estava a macarronada ao molho branco para derreter e corar o queijo.

   - As meninas disseram que o jantar vai demorar a ficar pronto. – Comentou Demi concentrada em responder as mensagens no celular e de olho no status de Joe, que não ficava online desde o dia passado. Detalhe, ele a respondia com mensagens curtas e não puxava assunto.

   - Você está gostando de ter irmãs? – Perguntou Inácio sorrindo porque ele achava uma graça as sardas de Demi e como os traços dela eram da família dele.

   - Estou. – Ela sorriu e para dar mais atenção ao pai, bloqueou o celular e o deixou sobre a mesa. – Eu nunca pensei em ter irmãos ou irmãs, eu só queria encontrar você. Mas agora que eu tenho os dois, estou feliz. – Parcialmente feliz. Demi não o olhou quando disse aquelas palavras, respirou fundo e umedeceu os lábios.

   - Você pode falar comigo, sou um bom ouvinte. – Era complicado. Demi cobriu a mão do pai com a dela sobre o ombro esquerdo e mordeu o lábio inferior se preparando para iniciar a conversa que precisava.

   - Você ficou muito bravo com a Anna. – O clima entre eles mudou de agradável para tenso no instante que a frase foi dita. – Não fica, por favor, ela está feliz. E não fica bravo comigo por tocar no assunto. – Pelo visto, Inácio tinha abaixado a guarda porque riu se acomodando a cadeira, mas ainda sim estava sério. Era a melhor forma para começar a conversar sobre garotos com o pai, e aos pouquinhos ela conseguiria intercalar o caso de Joe.

   - Eu sei que é uma péssima mania e que vocês me odeiam por isso. – Disse minutos depois sem olha-la nos olhos. – Vou tentar explicar como essa situação funciona para mim. – Demi assentiu se sentindo aliviada por ter conseguido quebrar aquela barreira. – Quando eu era rapaz, eu era terrível quando o assunto era garotas. – As bochechas dele coraram levemente e Demi riu o achando fofo. – Eu não conseguia me controlar, e eu sei que já magoei muitas mulheres e garotas. O que eu estou querendo dizer, é que eu sei como rapazes da idade do Augusto, do Joe ou do Rick são. Tudo é muito intenso e inconsequente, e isso é tão perigoso, filha. Eu estou tentando proteger vocês porque eu não quero que vocês passem pelo que passei, ou pelo que Caroline e a sua mãe passaram, e pelo que você passou. Nós sofremos de diferentes formas porque eu era um moleque inconsequente que engravidou duas garotas quase no mesmo mês. – Inácio respirou fundo e se levantou para verificar o macarrão no forno. – Quando descobri que seria pai de gêmeas, casei sem amar a minha esposa. Vivemos cinco anos como amigos, e era uma luta porque tínhamos que cuidar das garotas e seguir com as nossas vidas. Caroline passou para medicina quando as meninas completaram um ano. Foi um sufoco! Ela quase não tinha tempo para me ajudar, mas não tive problema em assumir a casa tanto financeiramente quanto nas atividades domésticas. Aos poucos, nós conseguimos nos organizar e ter uma família grande. Só que agora. – Disse a olhando nos olhos. – Eu me sinto um canalha porque enquanto eu tinha uma boa vida, a sua mãe sofria sozinha para criar um bebê que também era meu. Eu ainda tive muita ajuda dos meus pais e sogros, mas o que Dianna teve? Foi por culpa minha que ela foi obrigada a se prostituir, e ainda de quebra foi violentada grávida. E você? Crescer num ambiente sem amor e carinho? Se eu não fosse tão irresponsável, vocês duas poderiam ter uma vida melhor. É por isso que eu brigo com os rapazes e não dou espaço para eles. Eu não quero ver ninguém sofrer, eu não quero que a minha história se repita, principalmente com as minhas filhas. Claro que Bryan também me deixou traumatizado. E também penso no que o Jake fez com você.

   - Pai. – Demi enlaçou os dedos aos dele e quando o olhou nos olhos, sentiu o coração bater um pouquinho mais rápido porque o amor que sempre sentiu por um pai desconhecido estava muito maior e forte. – Tem uma forma muito diferente de a gente enfrentar essa situação. – Inácio a olhou, e Demi assentiu se acomodando a cadeira. – Eu preciso do Joe porque eu o amo. Ele me faz bem porque ele cuida de mim e me protege, porque ele é carinhoso e o cara mais doce e fofo que eu conheço. Eu quero ter uma vida ao lado dele, ter filhos, um lar e muitas histórias. Não vai ser nada fácil porque a vida é assim, uma luta constante, mas que no final do dia vale à pena. Eu não quero abrir mão do meu gatinho. Você também sofreu, mas você aprendeu a amar a sua esposa e eu acho que valeu a pena, que toda a nossa história teve pontos negativos, mas também teve muitos pontos positivos. Não dá para desistir do amor porque ele nos cega de razão, a maioria das pessoas sonha em ter alguém para amar e ser feliz acima das dificuldades. Nós estamos fazendo isso. Eu amo o Joe porque ele me completa, porque ele é um homem maravilhoso. A Hannah ama o Augusto, você não percebe como ela fica feliz quando tocamos no nome dele? Ele a faz feliz e isso é bom. E a Anna e o Rick? As meninas disseram que nunca viram a Anna tão animada em ter alguém. O Scott faz a Bella feliz, eles são tão fofos juntos e eu est.. – Demi arregalou os olhos e se amaldiçoou por ter falado mais do que deveria.

   - Quem é Scott, Demetria?! – Era a primeira vez que Inácio dizia o nome dela com tanta seriedade. Demi engoliu em seco e sentiu o desespero invadi-la.

   - Não é ninguém. – Não tinha como voltar atrás e era certeza que Bella ficaria triste e chateada. Quem não ficaria? – Por favor, não seja chato. – Resmungou desesperada e Inácio assentiu negativamente, mas depois sorriu a deixando completamente confusa.

   - Eu descobri sobre esse rapaz hoje cedo porque Bella deixou o celular desbloqueado no balcão da cozinha e sem querer eu vi a conversa dele. - Explicou-se e Demi respirou fundo aliviada. - Você não disse como é a forma diferente de enfrentar esses namoros de vocês. – Ao menos ele não tinha gritado como Demi estava prevendo, e se Inácio o fizesse, era certeza que ela choraria.

   - Bem.. – Murmurou colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha e quando o pai se levantou, o coração de Demi quase saiu boca a fora, mas Inácio só estava desligando o forno. – Nós poderíamos começar com você pegando leve nas broncas? – Ela sorriu sapeca porque viu que o pai tinha se escorado no balcão de braços cruzados e tinha um sorriso nos lábios. – E também você poderia conversar normalmente sem ameaças com os meninos sobre tudo que me contou que tem medo. Nós iríamos entender o seu ponto de vista e iríamos nos cuidar para não fazer besteira. – As bochechas de Demi coraram bruscamente porque ela jamais conversaria sobre sexo com Inácio, estava simplesmente fora de cogitação tocar no assunto mesmo que indiretamente. – Então? – Perguntou minutos depois porque estava nervosa com a situação. Ela tinha arriscado a pele de todas e entregado Bella num vacilo que jamais deveria ter cometido.

   - Tudo bem. Eu vou pegar leve, mas eu vou ficar de olhos bem abertos sobre esses namoros e nós vamos conversar muito. – Ele tinha mesmo cedido? O alivio foi tão grande que Demi sorriu de orelha a orelha e se levantou para abraçar o pai calorosamente.

   - Então não tem mais namoro proibido? – Perguntou ansiosa pensando em como Hannah ficaria radiante com a notícia.

   - Jesus, o que eu não faço por essas crianças? – Inácio apertou Demi nos braços e a beijou na testa todo carinhoso e protetor. – Eu estou confiando em você, ok? Tenha juízo, criança e ajude as suas irmãs a não me enlouquecer com essa coisa de namoro. Está livre, mas eu não quero ter motivos para voltar atrás, tudo bem? – Era uma decisão que o deixava com o coração na mão porque jamais se perdoaria caso alguma daquelas garotas ficasse triste por descuido dele.

   - Tudo bem, obrigada! Eu amo muito você! – A empolgação foi tanta, que Demi só se deu conta do que tinha dito segundos depois. Ela ficou vermelha de vergonha e sem jeito, mas quando fitou os olhos do pai os encontrando marejados, sorriu de orelha a orelha ao ouvir:

   - Eu também amo muito você, filha. – Era para o momento durar um pouco mais, porém o choro de Alicia foi motivo de preocupação.

   - Você olha o macarrão enquanto eu pego Alicia? – Perguntou ao pai e saiu a passos largos quando ele assentiu. Subir a escada correndo não foi uma boa ideia já que Demi ofegava de cansaço, ela precisou descansar para depois adentrar o quarto da pequena.  – Ei, você está chorando por quê? – Conforme limpava as lágrimas da menina, o choro cessava porque Alicia estava com medo porque estava sozinha. – Vamos secar essas lágrimas e descer? O papai está nos esperando para papar. – De tão manhosa que era, Alicia sorriu ainda com lágrimas nos olhos e repetiu a palavra papar se levantando para ajudar a irmã a pega-la.

   - Não, papai. – A menina murmurou agarrada a Demi quando elas encontraram o pai no caminho para cozinha. E Inácio sorriu observando como Alicia estava apegada a Demi e vice versa. Na hora do jantar, Alicia fez o mesmo, recusou a ajuda do pai para ser mimada por Demi.

   - Você comeu tudo, muito bem. – Como uma mãe cuidadosa, Demi limpou os lábios da menina com um guardanapo e sorriu orgulhosa.

   - Agora é a sua vez de comer, Dem. – Se tinha uma estratégia que nunca falhava para chamar atenção de Alicia era pegar um dos brinquedos dela. Inácio o fez e no instante seguinte a filha pedia colo erguendo os bracinhos.

    - Você também tem que comer. – Disse Demi ao observar que Inácio dava mais atenção a Alicia do que comia o macarrão no prato.

   - Eu estou acostumado. – Eram anos colocando as meninas acima das prioridades. E Inácio não se importava em esperar um pouquinho para comer, não quando o assunto era mimar as filhas. – Notícias do Joseph? – Até que estava bom ficar em silêncio, Demi limpou os lábios e bebericou um pouco do suco de frutas vermelhas olhando o pai nos olhos.

   - Não. Ele só disse que chegou bem. – Era um alívio saber que Inácio não estava bravo. Demi sentia aos pouquinhos que ela poderia trabalhar melhor naquela relação e tornar a relação de Inácio com os garotos completamente comum.

   - Isso é uma droga. – Murmurou olhando para Alicia para que ela ficasse quieta. – Eu sinto muito, jamais pensei que poderia prejudicar o seu relacionamento. Vou ligar para ele para explicar a situação. – Demi arqueou uma sobrancelha e mordeu o lábio inferior pensando se era uma boa ideia. – Eu não vou brigar com ele, prometo tentar ser gentil. – Foi tão fofo que Demi o beijou na bochecha e sorriu feliz se preparando para voltar a comer.

   - Pai, você nunca pensou em arrumar alguém? – Foi um verdadeiro dilema dizer aquela frase. Demi não queria magoar Inácio porque não sabia se era o momento certo para tocar no assunto, pois toda vez que ele falava sobre a falecida esposa Caroline, uma espécie de tristeza o tornava mais sensível. – Uma namorada. – Disse quando Inácio a olhou de cenho franzido.

   - Não tenho muito tempo para isso. – Ele disse sem jeito fitando Alicia no colo. – O trabalho e vocês consomem mais tempo do eu tenho, mas confesso que às vezes sinto falta... de ter alguém. – As bochechas dele estavam coradas? Demi sorriu de orelha a orelha observando o pai. Dificilmente ele ficava sem jeito, mas corar era uma novidade e ela percebeu que era mais um traço herdado. – Bebê, fica quietinha que o papai está comendo. – Disse pacientemente para Alicia que tentava ficar em pé em mais uma de suas brincadeiras.

   - Alguma pretendente? – Demi não resistiu e riu de como Inácio ficou mais deslocado do que ele já estava olhando para os lados e corado.

   - A sua mãe. – De todas as respostas que poderia ouvir, Demi jamais imaginou que fosse aquela. Os olhos ficaram levemente arregalados e por segundos, ela perdeu a fala. Era sério, realmente sério para ela e até então, confessava que sempre tinha classificado a possibilidade como impossível.

   - Você e a mamãe?! – Soou mais como uma afirmativa. Demi franziu o cenho imaginando como a possibilidade daquele relacionamento poderia afeta-la.

   - É. A sua mãe. – Inácio umedeceu os lábios e respirou fundo. – Ela é uma mulher livre, bonita e a única que eu conseguiria arriscar ter um relacionamento. – Por que existia aquela voz gritando “Não!”? Demi franziu o cenho mapeando primeiro as porcentagens negativas relacionadas ao então casal, porém não deu tempo de conversar mais sobre o assunto porque no instante seguinte a casa estava novamente barulhenta e cheia de vida.

***

Onde estava o sono? Passava de meia noite e Demi nem mesmo conseguia ficar de olhos fechados. Vez ou outra ela desbloqueava o celular, atualizava o instagram procurando por algum rastro de Joe ou simplesmente algo bom o suficiente para envolvê-la até que o sono chegasse. Dessa vez era Amber quem a abrigava. Na verdade Demi ficou preocupada com a menina quando a ouviu murmurar durante o sono de cenho franzido como quem estava tendo sonhos ruins, e para não acorda-la, arrumou a coberta ao corpo da menina e se deitou a cama cuidadosamente para abraçar Amber. O resultado foi quase que instantâneo, Amber relaxou e desde então dormia serenamente.

Como a porta do quarto estava encostava, pela brecha dava para perceber que Inácio ainda estava na sala esperando Anna. Ele tinha dito que não era para repreender a filha, o motivo pelo qual a esperava era preocupação. A televisão também estava ligada num volume baixinho, mas estava tudo tão quieto que Demi apostava que todos estavam dormindo, exceto ela. Meia hora mais tarde, foi impossível não ouvir o barulho da porta da sala sendo aberta porque o rangido soou por toda casa. Era engraçado como quando tudo estava quieto, barulhos insignificantes durante o dia faziam o coração bater mais rápido de medo. Demi engoliu em seco e notou que era Anna, pois primeiro ela ouviu o barulho do sapato de salto, e depois pelo murmuro baixinho, apostava que Anna estava com problemas com o sapato.

   - Você está bem? – A intenção não era matar a irmã de coração, mas Demi também não queria acordar as outras garotas.

   - Você me assustou. – Murmurou Anna porque ela não deveria acordar ninguém, aquilo simplesmente a colocaria numa posição terrível no meio da madrugada. – Esse sapato está acabando comigo, eu não quero tira-lo porque o porcelanato está gelado, mas acho que não vou conseguir chegar ao quarto. – Demi assentiu bocejando e buscou no quarto de Anna as pantufas.

   - Bella está lá em baixo com o papai? – Perguntou ajudando a irmã com o sapato e Anna franziu o cenho.

   - Isabella está lá fora com o Scott. – Como diabos Bella conseguia ser tão discreta? E como ela saiu com Inácio na sala? Para ir a qualquer lugar daquela casa era necessário passar pela sala! – Eles estão lá fora no carro. – Demi riu de como Anna ficou corada e completamente aliviada quando calçava apenas as pantufas.

   - Eu estou orgulhosa. – Ela não precisava dizer mais nada para que Anna entendesse. Demi sorriu quando viu a irmã corada a e abraçou de lado para que elas caminhassem juntas.

   - Eu só não queria brigar com o papai. – Disse adentrando o quarto olhando na direção da cama de Bella. Os travesseiros por baixo do cobertor não enganavam mais. – Ele ficou muito bravo? – Perguntou se sentando a cama da irmã para tirar a jaqueta e prender o cabelo.

   - Ficou, mas eu conversei muito com ele. – Demi assentiu quando Anna a olhou assustada. – Ele vai superar, só precisa de tempo e paciência. – Mais cedo Inácio pediu que ela não contasse sobre a decisão que ele tinha tomado na conversa porque queria contar ele mesmo as garotas.

   - Agora eu entendo o que Hannah passa. – Murmurou Anna se deitando. – Eu vou tomar banho, me espera? – Não tinha mais nada para fazer. Demi assentiu manhosa se deitando a cama timidamente e Anna riu a observando. Quando estava sozinha, Demi suspirou e sentiu os olhos marejarem. Era para ela estar dormindo profundamente como sempre fazia naquele horário, dormindo com Joe a abraçando e a aquecendo. Onde ele estava? A saudade apertou o coração e foi o motivo para Demi desbloquear o celular e acessar a conversa com Joe o mais rápido possível.

“Eu sinto muito a sua falta. Por favor, fala comigo”

A mensagem não feriria o orgulho e nem a diminuiria diante da situação. Demi franziu o cenho porque a mensagem nem mesmo chegou ao celular de Joe e para completar, ele estava sem a foto do perfil e o status era o padrão do aplicativo. Será que ele tinha a bloqueado? Selena não estava online para ajuda-la. E conforme pensava que Joe realmente tinha a bloqueado, o desespero começava a domina-la.

   - Que cara depressiva é essa? – Demi franziu o cenho e os lábios num biquinho fitando Bella, que fechou a porta do quarto com cuidado e se deitou a cama ao lado da irmã.

   - Cara de quem quer o meu bebê de volta? – Aos pouquinhos ela conseguiu se aninhar a Bella podendo sentir o cheiro diferente de perfume. – E pela sua cara, estava muito bom com o Scott. – Bella não negou e Demi revirou os olhos se deitando em frente a ela para poder olha-la nos olhos. – Meu Deus, Bella! – Resmungou e as duas riram.

   - Eu não disse nada! – Demi arqueou uma sobrancelha e Isabella fez o mesmo. – Só foi o melhor sexo de toda a minha vida. – Murmurou olhando para o teto e adentrando o cabelo com os dedos.

   - Você está apaixonada. – Para poder olha-la, Demi se ergueu e constatou que o que ela tinha dito era realmente verdade. – Não foi apenas sexo. – Disse e Bella assentiu se virando para olha-la.

   - Não foi, Dem. Tudo sempre foi muito intenso para nós dois, mas hoje eu descobri que eu quero passar a minha vida toda com ele. Quero me dedicar para construir a nossa vida, ter os nossos filhos e ser feliz. O melhor de tudo foi que ele disse que quer o mesmo. – Demi sorriu feliz para irmã e também se lembrou que ela queria as mesmas coisas com Joe, queria apenas com ele. – Ele vai falar com o papai amanhã. Decidimos que não queremos mais esconder o nosso relacionamento. E eu estou nervosa porque estamos namorando há um ano, é muito tempo e o papai pode ficar muito chateado. – Será que era certo contar? Demi franziu o cenho pensando no que deveria fazer e xingou Selena mentalmente por ela não estar ali para ajuda-la.

   - Conversa com ele sobre tudo que você sente, conte a verdade sem medo que eu tenho certeza que vai dar certo. – Não tinha como prever se Inácio ficaria ou não chateado, pois o caso de Bella era especial e cheio de detalhes. – Pensamento positivo! – A conversa até que continuaria, mas a atenção foi toda voltada para Anna que se deitou entre elas sorrindo de orelha a orelha.

   - Olá, garotas! – Demi e Bella riram baixinho analisando como Anna estava sorridente e feliz.

   - Fala para o Rick ir com calma, não vai ser legal ir para o hospital amanhã com o cabelo preso. – Disse Bella e Anna franziu o cenho e assim que tocou no pescoço próximo a orelha, arregalou os olhos ao sentir a região levemente dolorida.

   - Eu não sei como isso foi parar aí. – Resmungou envergonhada resultando nos risos maliciosos das irmãs.

   - Eu realmente estou feliz por vocês. – Disse Demi um tempinho depois. Estava tão bom ficar em silêncio debaixo da coberta naquela noite fria, elas até cochilariam se não fosse o comentário.

   - O Joe não deu notícias? – Anna perguntou fitando os olhos de Demi e se sentindo mal porque não queria que a irmã tivesse que passar por aquela situação.

   - Não, mas não vamos falar dele. – Murmurou Demi. – Como estão as coisas com o Rick? – Perguntou se acomodando melhor a cama para ouvir a história de Anna.

   - Eu estou muito apaixonada e não quero ficar longe dele. Quando nós estamos juntos, é tão bom. Conversamos, rimos e estamos namorando na maior parte do tempo. – Demi sorriu se lembrando que com Joe era a mesma forma. Vez ou outra eles assistiam algum filme, brincavam com Lucy, mas no final sempre estavam namorando e trocando declarações de amor. – Hoje quase aconteceu. – Anna umedeceu os lábios e não teve coragem de olhar nada além do teto do quarto. – Parece que a cada dia, nós ficamos mais.. mais.. eu não sei explicar como isso funciona. – Murmurou cobrindo o rosto com as mãos.

   - Vocês são jovens e estão com os hormônios a mil. A cada dia que vocês ficam juntos, vocês se conhecem um pouco mais e é completamente normal sentir desejo sexual. – Disse Bella para acalmar a irmã que murmurou um “Eu sei” toda chorosa.

   - Onde isso tudo vai parar? Eu estou com medo de estar muito cedo para deixar acontecer, mas ao mesmo tempo eu quero muito agora. – Explicou-se incomodada. Estar apaixonada era um dilema e deslocava Anna da zona de conforto que ela estava acostumada.

   - Você contou para ele? – Perguntou e quando Anna negou movendo a cabeça, Demi olhou para Bella que também a olhava como se pedisse ajuda. – Você vai ter que contar, na verdade eu acho que vocês devem conversar sobre o que está acontecendo para ficar tudo esclarecido. Vai ser melhor assim e vocês saberão o que está acontecendo.

   - A Demi tem razão. Ele ainda não falou nada sobre vocês dois virarem um casal? – Perguntou Bella olhando a irmã nos olhos e Anna franziu o cenho.

   - Nós ainda não podemos, tem a faculdade e o papai. – Anna revirou os olhos quando Bella arqueou uma sobrancelha porque ela não tinha respondido a pergunta da forma que a irmã gostaria. – Ele disse que está apenas comigo e quando eu me formar, que nós vamos conversar com o papai sobre o nosso.. relacionamento. – Anna franziu o cenho quando olhou para Demi. Ela parecia estar em outra dimensão e triste que chegava a suspirar. – Dem, por que você não fala com ele? – Perguntou sabendo que no momento era Demi quem precisava de ajuda.

   - Com quem? – Perguntou um tempo depois e quando olhou as irmãs, franziu o cenho. – Eu só quero que ele me perdoe por ser uma idiota, não quero falar com ele por mensagem. Eu quero poder olhar nos olhos dele, poder beija-lo e passar a noite nos braços dele como nós sempre fazemos. Mas ele não está aqui e está me ignorando o máximo que pode. Não sei o que vou fazer para resolver essa situação e nem como conseguirei esperar duas semanas por ele.

   - Por que você não vai ao Texas? – Sugeriu Bella e Demi franziu o cenho, mas não porque achava a ideia um absurdo, bem pelo contrário. Se fosse para ter Joe de volta, ela iria a qualquer lugar do mundo de bom grado e com um sorriso no rosto.

***

Fazenda Jonas, Marble Falls – Texas


   - Como eu estava dizendo... – Será que não era possível comer em paz? Joseph mexeu o brócolis já frio com o garfo, cobriu a boca com a mão e respirou fundo completamente impaciente. Desde que ele tinha chegado a cozinha na hora do almoço, o então advogado que cuidava da herança deixada pelos falecidos pais não o deixava em paz sempre com o mesmo assunto de anos e anos atrás que todos já conheciam a resposta do rapaz. Pelo fato de estar fria, a comida nem estava mais saborosa. Joe olhou para Laura e depois para a avó, elas eram as únicas que escutavam atentamente o que o advogado dizia. Era um homem velho de cabelo branco e pele enrugada que era persistente e não aceitava ouvir um não. – Você tem que tomar posse das terras dos seus pais que agora são suas, garoto! O povo está invadindo, já são cinco casas ilegais e eles vão construir mais se não tivermos uma posição sua. – Era cansativo ouvi-lo. Joe massageou as têmporas e olhou além da janela da cozinha o pasto lá longe. Desde que tinha chegado, ele não era o mesmo que deixou o Texas e muito menos o que veio de Nova York. Não tinha como explicar o que ele estava sentindo porque o mau humor não deixava e Joe não se arrependia nem um pouco de ter sido impassível com o pessoal que o recebeu de braços abertos.

   - São as minhas terras. – A voz soou grossa e decidida como nunca tinha sido. E as duas mulheres que observam o rapaz perceberam o quão diferente ele estava do velho Joe tímido que vivia gaguejando. – E eu não me importo se estão invadindo ou não. – Completou sem perder a postura. – Se eles estão lá, é porque eles não têm para onde ir. Eu jamais tiraria o teto de uma família. Há terra o suficiente para abrigar muitas pessoas necessitadas e eles têm a minha permissão. – Irritado, Joe se levantou para levar o prato e o copo à pia.

   - Você poderia vender as terras invadidas, Joseph. – Mesmo no meio do caminho, Joe parou de caminhar e de cenho franzido fitou o homem que conhecia desde menino. – Para o pessoal que já está lá. – Completou e o rapaz deu as costas irritado.

   - Minha herança fica como está. – Disse limpando o prato para lava-lo já que a avó tinha cuidado do resto da louça e a última coisa que ele queria era dar trabalho. – No dia que eu mudar de ideia, entro em contato. – Ele não disse mais nada. Focou em lavar a louça que tinha sujado ainda irritado com a situação. Ter dinheiro não era algo bom, bem pelo contrário. As pessoas se aproximavam por interesse e por dinheiro, faziam absurdos. – Tenha uma ótima tarde. – Forçando um sorriso, Joe saiu da cozinha o mais rápido possível caminhado para sala onde se deitou ao sofá sentindo que a cabeça poderia explodir a qualquer momento.

Sabe de uma coisa? Você é tão imaturo e inexperiente, é por isso que as coisas estão assim. Se você soubesse onde está se metendo, saberia que não precisa ter medo do meu pai, é só colocar a droga de um sorriso no rosto, conversar sem ficar gaguejando e largar essa vergonha estúpida de lado! Esse seu jeito de menino inocente não vai te levar a lugar algum! Cresce Joseph, o mundo precisa de homens de atitude.

Soou exatamente como ela tinha dito. Foi tão real que por um momento Joe pensou em Demi, imaginou-a ali com ele dizendo as malditas palavras que doía apenas em pensar sobre elas. Por que a culpa era só dele? O que tinha de mal ser tímido? Por um momento o rapaz se sentiu culpado porque a timidez já tinha o colocado em tantas situações difíceis. Chegou um tempo que ir a escola era insuportável porque os colegas não davam trégua com as pirraças sobre o quão ele era tímido e reservado.

   - Que droga! – Murmurou mal humorado socando uma almofada para descontar a raiva e como se fosse uma pessoa, Joe travou uma briga com socos intensos e chaves de braço na almofada.

   - Joseph! – Laura o repreendeu e ofegando, o rapaz franziu o cenho e aos poucos controlou a respiração se acalmando. – O que está acontecendo com você? – Perguntou se acomodando ao lado do sobrinho e Joe tentou não corar, mas foi difícil, ele corou porque estava envergonhado pelo comportamento anormal e porque esforços físicos resultavam nas bochechas dele coradas.

  - Não está acontecendo nada. – Disse baixinho fitando o carpete impecável e quando Laura o abraçou de lado, a vontade do rapaz foi de chorar de frustração. A tia e a avó eram as únicas referências de mãe que ele conhecia.

   - Eu estou tentando entender você, meu amor. – Para acalmá-lo, Laura massageou o ombro direito de Joe e o acariciou no braço como fazia quando o rapaz era bebê. – Você está tão diferente, Joseph. Não estamos acreditando que aquele menino de meses atrás se transformou nesse homem forte e decidido. – Joe franziu o cenho e negou balançando a cabeça. Ele tinha mudado, mas estava longe de ser um homem decidido.

   - Eu estou irritado e não sei o motivo. – Disse firme e impaciente observando os detalhes da sala. Ele tinha abandonado os óculos de grau e agora usava lentes de contato incolor. – E todo mundo nessa casa sabe que eu odeio falar sobre a minha herança. – Falar sobre a herança, o acidente envolvendo os pais e tudo que estava envolvido. Na verdade era um mecanismo de defesa de Joe porque ele nunca se conformou com o fato de os pais estarem mortos.

   - Você não precisava ser tão impaciente. O Sr. Gonzales só está cuidando dos seus interesses, Joseph. – Joe olhou nos olhos verdes da tia de cenho franzido e assentiu relutante. – Não custa nada ser gentil, ok? – Demorou a ele olha-la, e quando Joe o fez, Laura sorriu o acariciando na barba. – Esse mau humor todo é por causa da Demi. – Não era uma pergunta. Laura cobriu a mão direita de Joe com a dela observando que ele não usava aliança. – Não fica assim, meu menino. Vocês vão ficar bem.

   - Se o pai estúpido dela não nos perturbar. – Resmungou reclamão e Laura riu porque Joe não conseguia esconder como ele estava apaixonado e sofrendo por Demi.

   - Joseph! – Pela cara de Clara, a coisa estava feia para ele. Joe deu de ombros fitando os olhos da avó antes que ela começasse o sermão da montanha. – O que está acontecendo com você, criatura? – Mesmo estando brava, Clara olhou para o rapaz com tanta preocupação.

  - Nosso menino está irritado porque brigou com a namorada. – Disse Laura se levantando. – Você cuida da entrega dos tomates? – Joe queria negar, mas assentiu porque sabia que no tempo que estivesse fora de casa, ele poderia pensar a respeito da situação com Demi e se distrair.

   - Vocês sabem onde está o meu celular? – Perguntou levando as mãos aos bolsos traseiros da calça para depois os da frente. Então foi aí que ele se lembrou que não via o aparelho desde a noite passada na casa de Rose.

   - A Rose ligou para avisar que você esqueceu o celular na casa dela e que depois da escola, ela vem trazer. – Era uma viagem a menos que ele precisaria fazer. Joe assentiu abraçando a avó de lado enquanto eles caminhavam para fora da casa sem nenhuma pressa. Por incrível que pareça, Laura e Clara eram as únicas que davam paz de espírito ao rapaz. Tinha sido muito bom rever alguns parentes e principalmente os amigos, mas nada comparado a estar com as duas mulheres que ele mais amava.

   - Hoje está muito quente. – Comentou Joe observando encantado a beleza daquela terra. Não havia prédios enormes que atrapalhavam admirar o céu, aliás, não havia edifícios e nem casas aos arredores. Ali eles estavam sujeitos a natureza e podiam aprecia-la. O verde do pasto era de tirar o fôlego e parecia que estavam mais perto do céu só pelo fato de poder vê-lo num azul claro lindo com nuvens brancas que mais pareciam tufos de algodão. Porém estar sujeito aos raios solares daquela tarde era um castigo que ninguém merecia. Até no clima o Texas era diferente de Nova York, uma hora dessas, a cidade mais movimentada do mundo deveria estar congelada de tanta neve! Joe nunca pensou que iria sentir tanta falta das altas temperaturas.

   - Onde está o seu chapéu? – Clara perguntou toda preocupada como sempre e Joe esboçou um sorriso tímido focando o olhar ao da avó.

   - Está no meu quarto, vou busca-lo. – E foi o que ele fez. Subiu a escada de madeira as pressas para buscar o chapéu de vaqueiro que o protegeria dos raios solares daquela tarde. Foram anos usando aquele chapéu por longas e cansativas tardes, porém não estava tão bom quanto nas outras vezes, aliás, também não estava ruim. Diferente era a palavra certa. Joe se olhou no espelho se lembrando que meses atrás ele era outro rapaz. Agora o chapéu não combinava com a simples camisa branca, nem com os jeans escuros e o all star. Antigamente ele usava camisas com estampa xadrez, cintos com fivelas e para completar, botas. Agora até mesmo o corte de cabelo estava diferente e ele nem se importava com a barba por fazer. Para não se sentir tão estranho, Joe pegou uma das camisas xadrez de estampa azul com preto e a vestiu por cima da camisa sem abotoa-la.

   - Joseph, volte para casa antes de escurecer. – Disse Clara atentamente fitando os olhos de Joe e o rapaz sorriu recebendo em mãos a vasilha onde havia duas maçãs e duas bananas. – Não converse com estranhos, meu menino. – Joe fez careta e riu junto com Laura caminhando abraçado com a avó para fora de casa.

   - Eu prometo que vou ficar bem e que vou obedecer a senhora. – Disse a olhando nos olhos porque eles jamais decepcionaria Clara, o coração chegava doer só de pensar em machuca-la ou perdê-la. – Fica tranquila e descansa, a tia Laura vai cuidar de tudo. – Não adiantaria nada dizer aquelas palavras. Clara continuaria firme e forte cuidando da fazenda, mas não custava nada tentar convencê-la de descansar nem que fosse por um pouquinho.

   - Você sabe como ela é teimosa. – As vezes ao olhar para tia, Joe sentia o coração bater um pouquinho mais rápido porque Laura era muito parecida com a falecida mãe. Elas tinham a mesma cor dos olhos, eram verdes e intensos, alguns traços do rosto e a cor do cabelo também.

   - Eu sei. – Ele sorriu tímido pegando a chave da mão da tia. – Eu amo vocês, até mais tarde. – Antes de ir para Nova York, dificilmente Joe dizia aquelas palavras a qualquer pessoa, e só mostrou para Laura e Clara que o rapaz estava mudado para melhor. Joe acenou e sorriu antes de adentrar o galpão onde a caminhonete carregada de tomates vistosos o esperava.

Para não ter problemas com a polícia, conferir os documentos não custou nada. Joe abriu a carteira verificando se a carteira de habilitação e demais documentos estavam lá, mas o que o distraiu foi a cartelinha de preservativo. Automaticamente ele se lembrou de Demi e franziu o cenho porque também sentia saudades dela. Até para dormir estava ruim, foram muitas às vezes que ele acordou no meio da noite procurando a namorada para abraça-la como costumava fazer e acabou frustrado.

   - Seus primos estão perguntando por você. – O susto foi tão grande que a carteira caiu e Joe se sentiu constrangido porque os documentos se espalharam e o preservativo também.

   - Eu falo com eles mais tarde. – Eram cinco tios e três tias. Joe não ousou em olhar para os olhos do tio Jon e se agachou para começar a pegar os documentos. A última coisa que ele queria fazer era encontrar os primos, porém já não havia mais desculpas para livra-lo.

   - Não vai fugir, ok? – A pergunta o deixou desconfortável. Joe organizou os pertences na carteira e ainda sem olhar para o tio, assentiu. Ele nunca soube como se misturar com os primos, pois eles eram diferentes em todos os aspectos. Enquanto Joe era um cara calmo, respeitoso e reservado, os primos gostavam de criar confusões e chamavam muita atenção por onde passavam. – Posso ligar para os rapazes e marcar para vocês se encontrarem mais tarde, ou você prefere ligar? – Perguntou dando espaço ao sobrinho e Joe franziu o cenho focando em verificar se a caminhonete estava realmente pronta com a carga.

   - Sinceramente. – Murmurou minutos depois de pensar muito a respeito. – Eu não quero encontra-los. – Era melhor dizer a verdade a ficar prolongando a situação. – Mais tarde eu estarei com a Rose e o Derick, a formatura é amanhã e nós combinamos de repassar todos os detalhes no final da tarde.

   - Joseph, você não deve carregar rancor consigo, não passou de uma brincadeira o que os garotos fizeram no passado. – A postura de Joe mudou completamente. Ele tirou o chapéu para arruma-lo novamente a cabeça, adentrou os bolsos da calça jeans com as mãos aproveitando que não olhava o tio nos olhos para observar cada detalhe do galpão.

   - Eu realmente não deveria carregar rancor de ninguém, mas o que eles fizeram não tem perdão. E não foi uma brincadeira! – Alterar o tom de voz não estava nos planos de Joe, mas ultimamente ele só percebia as ações quando já tinha as executado. – Eu tive que conviver com isso durante todo o maldito ensino médio e essa praga também chegou à faculdade porque esses malditos moleques nunca me deram paz. – Jon não era um tio ruim, bem pelo contrário, mas às vezes o fato dele defender os filhos e sobrinhos irritava Joe profundamente.

   - Você deveria dar uma chance a eles. Toda essa rivalidade é fruto do seu isolamento, você preferia brincar de boneca com a Rose a sair com os garotos. – Não, a culpa não era dele! Joe abriu a porta do carro com tanta raiva e quando já estava acomodado ao banco do motorista, ligou o carro bruscamente e da mesma forma saiu do galpão completamente impaciente.

Dirigir exigia paciência, cuidado e atenção. Por alguns quilômetros, a velocidade da caminhonete estava acima da proibida e o cenho de Joe estava franzido. Ele até murmurava palavrões super irritado com o fato de que todos diziam que a culpa era dele. Qual o problema de ser tímido, vergonhoso e brincar de boneca com a prima? Não fazia dele menos homem! Ao se lembrar do motivo de os pais estarem mortos, aos pouquinhos Joe reduziu a velocidade da caminhonete aproveitando para admirar a beleza da terra que ele tanto amava. Era maravilhoso o cheiro de terra misturado ao do campo. O céu também estava muito bonito e olhar para o horizonte era uma dádiva impagável. Para aproveitar melhor o momento, Joe encostou com a caminhonete no acostamento e se permitiu respirar o ar puro sentado no capuz do carro. Ele estava em casa, e estar ali no Texas despertava muitos sentimentos positivos quantos negativos.

Será o que Lucy faria se estivesse ali com ele? Joe sorriu observando o rebanho de vacas no pasto. Ele apostava que Lucy correria atrás das vaquinhas e latiria o mais alto possível até que estivesse rouca. Depois ela correria até ele e se sentaria cansada da brincadeira. E se Demi também estivesse com ele? O sorriso sumiu dos lábios do rapaz, ele franziu o cenho e umedeceu os lábios fitando as nuvens. Ela era o motivo de todo o mau humor e tudo mais que o incomodava. No final das contas Joe só queria que ela estivesse ali com ele para olhar para o céu, acompanha-lo nas entregas, passar a noite nua nos braços dele e se divertir no Texas.

Uma nota que ele não deveria deixar passar era: all star na cor branca não era uma bota resistente. Joe fez careta porque ele pisou na terra jogada no meio da estrada asfaltada e o resultado com o tênis foi simplesmente o pior. Nem dava para limpar, pois pioraria o estado. Por um pouco ele esqueceu que havia horário para que aqueles tomates estivessem na cidade. Ligar o som da caminhonete no último volume foi uma novidade que deixou Joe muito animado, principalmente quando I’ll be there for you do Bon Jovi soou. Ele cantou cada verso animado e se sentindo revigorado a cada solo de guitarra. Uma hora mais tarde, as casas simples começaram a surgir na estrada anunciando que ele tinha chegado à cidade. A cidade era pequena e Joe ficou perguntando se Manhattan era maior que Marble Falls, certamente era, aliás, tudo era diferente desde o tamanho da cidade ao comportamento das pessoas e a arquitetura. Se ele estivesse em Nova York, ouvir Angel do Aerosmith sentindo as batidas do coração acelerar, não seria nada anormal, já na cidadezinha, ele teve que diminuir o volume da música e abaixar o vidro da janela do carro para cumprimentar as pessoas como costumava fazer.

   - Vocês podem descarregar. – Disse Joe. Ele estava sentado no banco do carro com a porta aberta. Antigamente, quando ele deixava os tomates no maior mercado da cidade, ajudava a carregar as caixas, mas agora a preguiça não deixou nem que ele se levantasse. Quando o sono bateu cerca de cinco minutos mais tarde, Joe colocou os pés no painel do carro, repousou o chapeu na curva do nariz e fechou os olhos começando a cochilar. Até que não era ruim, ao contrário do que ele tinha imaginado. Se fosse em Nova York, ele nem mesmo teria a liberdade para descansar no meio público porque o movimento de pessoas era grande, o que afetava na segurança, locomotividade e principalmente no bem-estar. Havia muito barulho na cidade, desde sons humanos aos mais diversos sons que os automóveis emitiam.

Tranquilamente Joe poderia dormir ali sem se preocupar se a caminhonete iria ser roubada e entre outros. Ficou ainda melhor quando os pássaros começaram a cantar harmonicamente, a brisa soou fresca e o clima estava muito agradável. Porém ninguém esperava ouvir uma discussão no meio da rua naquele horário. Joe franziu o cenho e praguejou baixinho porque ele tomou um susto tão grande ao ouvir uma buzina desafinada e irritante. Ao olhar na direção de onde vinha o barulho,  um casal atravessava a rua a passos largos e eles eram o motivo para o carro ter parado bruscamente. Conforme caminhavam, Joe podia ouvir a voz feminina chorosa assim como a masculina. Era uma briga de casal e ele se sentiu tenso só de se lembrar de a última briga com a namorada. Brigar com Demi era horrível, ele sempre acabava se sentindo péssimo sem ao menos ter culpa.

   - Você não enxerga que está me sufocando com esse ciúme doentio e controlador?  Gritou a moça sem conseguir esconder como ela estava chateada. A voz dizia tudo e o brilho nos olhos estava apagado.

   - Tudo que eu fiz foi para proteger você! – Quando o rapaz tentou se aproximar, foi em vão porque a moça desviou do toque rapidamente e lançou ao namorado um olhar triste.

  -  Acabou aqui e agora, eu não quero continuar assim. – Foi uma verdadeira confusão de lágrimas, mas quando o rapaz segurou a namorada pelos braços com certa força, Joe franziu o cenho. O braço da menina estava ficando avermelhado na região porque ele estava a machucando.

   - Você não pode terminar comigo, eu prometo que vou mudar. – As lágrimas rolavam com tanta fúria que Joe pensou que aquele rapaz não estava mentalmente bem, pelo contrário. Ele parecia desesperado e fora de si, sacudiu a namorada nos braços e quando ela tentou se soltar, não conseguiu, o que resultou numa luta corporal que atraia o olhar de quem passava na rua.

   - Deixa-a em paz. – Infelizmente Joe teve que se meter na vida dos outros, ele só o fez porque não gostava de ver qualquer mulher passar por situações desconfortáveis causadas por homens. – Eu disse para você deixa-la em paz. – De um segundo para o outro as lágrimas já não estavam mais rolando pelo rosto do rapaz. Ele olhou para Joe com certo ódio, largou bruscamente a namorada resultando na queda da moça para tentar acertar o queixo de Joe com um soco que, mal calculado, acabou indo pelos ares.

   - É com esse sujeito que você está me traindo, Evelyn? – O soco acertou o queixo de Joe, e a raiva subiu a cabeça. Joe revidou com toda força acertando o maxilar do rapaz e o empurrou o levando ao chão.

   - Você tem um minuto para sumir da minha frente. – Ah, Joe avançaria sem dó e nem piedade sobre o rapaz, mas antes de dar um passo, os dois homens que descarregavam a caminhonete o seguraram pelo braço evitando que Joe não só defendesse a moça, mais que também descontasse toda a frustração dos últimos dias.

   - Você está fazendo um escândalo desnecessário. – A voz era tão familiar, Joe franziu o cenho e quando olhou para o lado, engoliu em seco porque aquele homem de olhos azuis e pele clara bronzeada de tanto trabalhar exposto ao sol era um de seus colegas de classe.

   - Eu sei o que eu estou fazendo. – Bruscamente ele conseguiu se soltar e se aproximou da moça certificando que o sujeito que a importunava já estava bem longe. – Você está bem? – Perguntou gentilmente se agachando já que a moça estava sentada no meio-fio da calçada abraçando as pernas mostrando os joelhos ralados.

   - Eu estou. – Demorou a que ela o respondesse e soou baixinho. Evelyn nem mesmo olhava nos olhos de Joe, o olhar estava focado num detalhe daquela rua enquanto a moça pensava sobre a briga com o namorado.

   - Você precisa de ajuda? – Perguntou Joe todo sem jeito agoniado com o machucado nos joelhos da moça. – Nó..Nós podemos ir a delegacia. – Quase que a timidez o dominou porque ele estava perto de uma mulher desconhecida e que por sinal era muito bonita, mas internamente Joe se dedicou bastante para soar sério e objetivo. – Ou nós podemos limpar o seu ferimento e se você quiser, posso te levar para casa? – Ele estava preocupado porque o namorado da moça poderia estar por perto e tentar feri-la de outras formas...

Ela não o respondeu. Foram minutos em silêncio e Joe preferiu ficar quieto, se ela não o quisesse por perto, já teria o dispensado. Só que ficar em silêncio era chato, Joe franziu o cenho quando foi tocado no ombro e quando olhou para cima era o mesmo rapaz que descarregou a caminhonete e que também era o seu ex-colega de escola.

   - Meu pai acertará com a sua avó mais tarde. – Não tinha mais nada para ser dito. Joe assentiu e quando voltou a atenção a moça, franziu o cenho.

   - Vocês podem leva-la ao banheiro para limpar esse ferimento? Está correndo o risco de infeccionar exposto dessa forma. – Foram alguns segundos há mais do que Joe havia estipulado olhando nos olhos daquele homem, ele até se sentiu incomodado, mas no final teve a carta branca que precisava.

Evelyn não o respondia, mas ouvia tudo atentamente, assim, quando Joe se levantou e a olhou, o rapaz não pode deixar de observar como os olhos cor de mel puro eram lindos. O cabelo da moça era longo e ondulado da mesma cor dos olhos, ela parecia ter sido beijada pelo sol porque aquele tom de bronzeado estava também na pele. Sem graça, Joe ofereceu a mão para ajuda-la a se levantar. Era de partir o coração a forma como Evelyn andava devagar porque os joelhos estavam ardendo. Joe não a levou até o banheiro, os rapazes acharam mais apropriado chamar uma das moças que trabalhavam no mercado.

Primeiro Joe ficou escorado na caminhonete esperando, então quando o sol começou a castiga-lo, o rapaz pegou o chapeu, tirou a chave ignição e se acomodou num banquinho de madeira perto dos carrinhos de supermercado. Quando deu uma hora de espera, Joe cogitou a possibilidade de a moça ter fugido pelas portas do fundo, mas cinco minutos depois ela saiu de dentro do supermercado com os joelhos protegidos por curativos e mais calma.

   - Você está melhor? – Até o chapeu ele tirou quando se aproximou de Evelyn. E a diferença de altura entre eles era absurda. A moça nem mesmo chegava perto dos ombros de Joe, razão pela qual ele tinha que olhar para baixo para falar com ela.

   - Estou. – Quantos anos ela deveria ter? A voz era delicada e tão feminina. Joe esboçou um leve sorriso e maldição! Ele sentiu as bochechas corarem. – Evelyn. – Apresentou-se oferecendo a mão para ele apertar, e Joe o fez mesmo sem jeito.

   - Joe. – No Texas, as pessoas estavam acostumadas a chama-lo de Joseph, então ter alguém que o chamasse de Joe não seria ruim. – Posso leva-la para casa? – Perguntou educadamente e a moça desviou o olhar do dele um pouco desconfiada com toda gentileza.

   - Você não vai me fazer mal, vai? – Perguntou astutamente o olhando e Joe tentou não se sentir ofendido porque ele jamais faria mal a nenhuma mulher, porém entendeu perfeitamente o receio da moça. Ele era um desconhecido e infelizmente, alguns homens se aproveitavam de situações semelhantes a aquela para fazer atrocidades.

   - Não, você tem a minha palavra. – Um sorriso não faria mal a ninguém. E Joe gostou muito de ver que Evelyn também sorria e ele teve a impressão de ver as bochechas corarem. – Deixe-me ajuda-la. – Foi um pouco constrangedor porque para ajudar Evelyn subir a caminhonete, Joe teve que guia-la pela mão. – Você gosta de música? – Perguntou o rapaz assim que adentrou a caminhonete. Era uma pergunta muito boba porque todo mundo gostava de música. Joe mordeu o lábio inferior e antes de dar partida, olhou para moça. – Qual estilo de música que você gosta? – Reformulou a pergunta e segundos depois Evelyn o olhou nos olhos, mas ele teve que desviar o olhar porque estava dirigindo.

   - Tanto faz, você pode ligar o rádio, eles sempre estão tocando músicas boas. – E Joe o fez um pouco às cegas porque ele não queria causar um acidente de trânsito, e como ele já conhecia o aparelho de som perfeitamente, os dedos sabiam o caminho até os botões corretos.

   - Onde é sua casa? – Perguntou uma ou duas músicas depois. E por mais estranho que era, Joe estava confortável com uma estranha no banco do carona.

   - Uma hora depois da placa da saída sul da cidade. – Não havia casas naquela parte da cidade, exceto as que estavam nas terras que o pertencia. Joe nada disse, apenas assentiu guiando o carro na melhor trajetória possível na direção sul da cidade. Uma coisa que ele jamais faria era tirar casas de famílias. Ninguém construiria uma casa naquele local, pois estava numa parte da cidade pouco desenvolvida. Muitos sempre diziam que aquela região era para estarem localizada as melhores plantações e criação de gado de Marble falls porque Antonio Adams, o falecido pai de Joe, era um homem espirituoso e inteligente que edificaria as terras. Como Joe não tinha vendido, alugado e muito menos se interessado por agronomia, não havia nada nas terras.

   - Você quer comer alguma coisa? – Perguntou educadamente. Ele sabia que antes do lanche da tarde precisava aplicar a insulina, mas não tinha uma dose ali com ele e muito menos oferecia a Evelyn uma das saborosas maçãs no banco de trás. – Posso comprar um salgado ou algo da sua preferência. – Disse todo educado arriscando olhar pra moça.

   - Você não vai me machucar, vai? – A mesma pergunta de alguns minutos atrás. Joe franziu o cenho enquanto refletia porque nos dias atuais ser gentil era motivo para desconfiança.

   - Eu não vou te machucar. – Disse sério e firme. – Eu estou com fome e nós vamos compartilhar uma hora até a sua casa, é muito tempo. – Explicou mantendo o máximo de contato visual porque a caminhonete estava parada numa sinaleira e ele sabia que Evelyn precisava acreditar no que ele dizia.

Comer era tão bom! O clima entre eles ficou muito melhor e descontraído depois que cada um tinha um enorme pastel recheado com carne apimentada e uma latinha de refrigerante. Joe sabia que era literalmente contra as regras consumir aquele tipo de alimento, ele poderia passar mal ou qualquer outra coisa, mas continuou comendo sem culpa. Melhor era conversar com Evelyn, aos pouquinhos ela ficou mais à vontade e quando ambos perceberam, já estavam rindo alto como se conhecessem há anos! Joe tinha contado muitas coisas sobre a vida dele, inclusive sobre Demi e Evelyn também. A moça tinha vinte e um anos, já era mãe e estava começando a faculdade de medicina veterinária.

   - Escureceu tão rápido. – O céu estava incrível. No campo não havia prédios, não havia instalações elétricas e nem nada que atrapalhava a natureza. A caminhonete estava parada no acostamento da estrada de terra que levava a casa de Evelyn. Joe se debruçou sobre o volante e sorriu feliz admirando o por do sol. Era uma mistura fantástica de cores em degrade. Começava pelo azul acinzentado, depois tinha o cor-de-rosa, o roxo e o alaranjado, que se concentrava onde o sol se escondia no horizonte.

   - Andrew não é um cara ruim, Joe. – Disse a moça serenamente e segundos depois Joe a olhou nos olhos. As bochechas dele coraram porque ele sentiu o impacto de olha-la nos olhos. Se a situação não fosse complicada, Joe a beijaria sem pensar duas vezes. – Ele só é muito ciumento e possessivo. – Disse sem graça desviando o olhar do de Joe.

   - Isso não é bom. – Joe respirou fundo brincando com o chaveiro da chave na ignição. – Ele pode perder a cabeça e machucar você e a sua filha. – Disse arriscando olha-la nos olhos.

   - Ele está procurando ajuda e eu também para conseguir administrar a situação. – Quando o silêncio veio, os dois observaram com atenção a carreta surgir no horizonte da pista com os faróis ligados até que ela sumiu do campo de visão. – Por que você brigou com a sua namorada? – Perguntou e Joe franziu o cenho e mordeu o lábio inferior.

   - A culpa toda é do pai possessivo dela por ficar no meu pé, e ela também me magoou muito. – Era a primeira vez que ele dizia em voz alta que Demi tinha o magoado. E toda vez que ele pensava na situação, se lembrava das palavras e ficava chateado: Sabe de uma coisa? Você é tão imaturo e inexperiente, é por isso que as coisas estão assim. Se você soubesse onde está se metendo, saberia que não precisa ter medo do meu pai, é só colocar a droga de um sorriso no rosto, conversar sem ficar gaguejando e largar essa vergonha estúpida de lado! Esse seu jeito de menino inocente não vai te levar a lugar algum! Cresce Joseph, o mundo precisa de homens de atitude. – Eu sempre fui muito tímido. Quando fui para Nova York, tive que me virar sozinho nos primeiros dias, mas quando eu a conheci, ela me ajudou tanto a ser um homem melhor. Eu jamais falaria com você sem gaguejar se fosse meses atrás. – Joe sorriu e assentiu quando Evelyn arqueou uma sobrancelha. – Eu melhorei bastante na minha comunicação, mas nunca deixei de ser tímido. É o meu jeito, eu sou assim e acho que não sou menos homem por isso. – Era o que ele tinha entendido e o que mais o magoava.

   - Jamais. Você é um cara legal, Joe. – Joe sorriu feliz por ouvir aquelas palavras. Não era que ele gostava de ser enaltecido, mas era muito bom ouvir alguém reconhecer uma das qualidades dele. – Talvez ela ficou nervosa e te magoou sem intenção.

   - Ela disse que o meu jeito de menino inocente não vai me levar a lugar nenhum, e que o mundo precisa de homens de atitude. – Resmungou com cara de poucos amigos. – Acho que ela quer que eu seja um puxa saco do pai dela, mas eu não sei fazer isso. Eu mal o conheço e nem sei o que dizer quando ele está por perto porque ele me intimida. Eu sei que ele está analisando o meu jeito o tempo todo só para conseguir identificar os meus pontos fracos e usa-los contra mim.

   - Você é um homem de atitude, Joe. Acredite em mim. Você me ajudou hoje e salvou o meu dia. – Evelyn sorriu quando Joe a olhou todo envergonhado. – Eu acho que eu entendi o que a sua namorada tentou dizer, mas soou da forma errada. Ela considera muito importante a sua relação com o pai. Está apenas em suas mãos inverter esse jogo. Se você for mais simpático, você terá pontos ao seu favor. Às vezes nós temos que ser insistentes, às vezes temos que ser puxa saco, principalmente em relação ao sogro ou sogra. É só até você conseguir se infiltrar e mostrar que é alguém de confiança.

   - Você acha que eu tenho que fazer isso? – Perguntou curioso. Parecia que realmente funcionava daquela forma, Joe se lembrou das vezes que Ed tentava agradar mais os pais de Selena do que ela.

   - É uma dica, Joe. Você tem fazer as coisas no seu tempo. – Disse Evelyn colocando uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Eu estou num grupo de pessoas que passam por situações difíceis em relacionamentos amorosos, familiares, com amigos. É interessante enxergar pontos de vistas diferentes do nosso. Se você quiser participar... Será muito bem recebido. – Foi difícil conseguir olha-la nos olhos porque já estava escuro, mas Joe assentiu.

   - Eu acho que pode me ajudar. – Ele era inexperiente e não tinha muita coisa para fazer, e Evelyn era uma boa companhia.

   - Ajudará, eu tenho certeza. Você pode me levar para casa? Está tarde e a minha mãe deve estar preocupada. – Joe assentiu ligando o carro. Estar naquelas terras era muito estranho e ele tinha o feito poucas vezes, mas Evelyn o distraiu com mais perguntas e conforme dirigia, Joe podia ver as poucas casas próximas ao casarão que pertencia aos pais. O coração apertou no peito e Joe focou na estrada até que estava em frente a simples casa onde Evelyn morava se despedindo da moça com um breve aperto de mão e com a promessa que entraria em contato pelo número dela rabiscado um pedaço de papel.

Foi um dia muito diferente do qual ele tinha planejado. Uma hora dessas Rose deveria estar brava porque ele não tinha aparecido para experimentar o terno do dia seguinte e Clara deveria ter ligado para o xerife para colocar todas as viaturas atrás da caminhonete que Joe dirigia. O rapaz nem se importou. Pegou uma maçã na vasilha no banco de trás, olhou com receio na direção da casa dos pais e dirigiu para longe dali em baixa velocidade até que quando percebeu estava com o carro parado no meio do nada fitando o céu estrelado e sentindo tanta falta de Demi que o coração chegava a doer no peito.


Continua... Demorei, eu sei! Mas espero que vocês tenham gostado do capítulo! E aí? Tudo em paz? Eu estou morta de cansaço, comecei a estagiar e está uma loucura a minha vida, mas da fanfic não desistirei. O próximo capítulo promete muito! Rose já começou a mexer os pauzinhos dela... E essa Evelyn? Será que bem a favor ou contra a Demi?? O Joe sempre salvando as mulheres indefesas.. Um beijo e um abraço! Até o próximo capítulo <3 

16 comentários:

  1. eu sou a única que acho o joe fofo quando ele está todo emburrado? menina o que foi esse clima entre ele e essa evelyn, em um momento cheguei a achar que rolaria um beijo.. já quero a demi no texas atrás do joe
    finalmente o Inácio cedeu aos namoros das meninas, já estava tornando uma situação sufocante para as meninas
    eu me sinto a isabella toda vez que cedo as pirraças do meu irmão jdjdjs
    enfim, amei o capítulo e estou ansiosa para saber o que a rose está aprontando e quero muito a demi no texas.
    imagine se ela chega no baile de formatura da rose? MEU DEUS! ja estou imaginando ela entrando de forma triunfante e o joe largando a rose para ir falar com a demi ~ sonhei toda ~
    se somente com a graduação ficamos mortas de cansadas imagine com estágio? não quero nem imaginar quando começar o meu jdjdjs
    boa sorte e poste assim que der
    beijos

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  2. Rapazzzzz, arrasando como sempre!!!
    Primeiramente fiquei com dó da Demi por não poder se divertir com as irmãs na casa do falecido avô, pra ela é uma lembrança muito ruim que não só ela,mas o pai precisam superar... Mas achei super fofo o momento dela com a Alicia e o pai, super fofinhoo..
    E gente, o Joe está mudando e achei isso bom por um lado, só fiquei com uma pulga atrás da orelha quando ele disse que esqueceu na casa da Rose, nossa já deve ter mexido em tudo e com certeza olhou a mensagem que a Demi mandou e já deve ter apagado, aposto! Afff
    Essa Evelyn, não sei o que pensar dela. Mas enfim, adorei mais uma vez e estou agurdando o próximo com mais ansiedade kkkkkk, bjos

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  3. Já quero a Laura ajudando a Demi a chegar na fazenda, ia ser incrível!!!! Preciso dizer que estou meio decepcionada com o Joe e não vou conseguir engolir se ele ousar ficar com essa Evelyn, já basta a chata da Rose. Continua!!!!

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  4. Já to vendo o joe pensar que a Demi não tá nem aí pra ele e quando pegar o celular e não tiver msg da Demi pensar que ela não tá ligando pra ele, e a Demi indo no Texas e pegar ele no flagra com a Rose ou a Evelyn

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  5. Eu sabia que essa Rose n ia deixar passar. Eu n sei se perdi alguma coisa, mas o fato da Demi estar bloqueada é por causa dela? A Demi ta toda arrependidinha agr mas na hora de falar merda ngm pensa né? Se eu fosse o Joe teria bloqueado ela mesmo. Pq ele é sempre compreensivo e por isso todos acham que podem dizer qlqr coisa pra ele. Do jeito que eu sou rancorosa eu n tinha nem avisado que iria pro Texas. Tinha só ido mesmo. Ainda bem que o Inácio resolveu ouvi-la. Quando a demi chegar no Texas com certeza a merda deve ta armada por causa da prima caipira do Joe oh garotinha chata. Ainda sou a favor do trator passar por cima dela

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  6. Mano, é sério, eu vou passar mal se eu não souber oque vai acontecer, eu fico contando os dias pra você postar

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  7. Se a Rose já não me entra, essa Evelyn muito menoa

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    1. A Evelyn tem q ficar pra ajudar a Demi, colocar a Rose no lugar dela. E ajudar o joe enfrentar o Inácio!

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  8. Sei q tá corrido pra vc, mas posta logo por favor! Estou roendo as unhas de ansiedade kkkkk

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  9. To numa fase que entro todo dia no blog pra vê se tem até comentário novo de tanta ansiedade. Posta logoooo não aguento mais de ansiedade
    D.F.

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  10. Tô sofrendo de ansiedade com esse próximo capítulo, postaaaa

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  11. PELO O AMOR DE DEUS EU TO SEDENTA PARA O PRÓXIMO POSTA LOGO PFFFF

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